almas que não foram fardadas
de Rogério Pereira

É certo que, tendo passado a data, este não se trata de um convite, mas já do anúncio de uma efeméride.  
Mas que faz sentido referir. Teve lugar, em 28 de Janeiro de 2012, no Auditório Municipal Maestro César Batalha, nas Galerias Alto da Barra, em Oeiras, o lançamento do livro Almas que não foram fardadas, da autoria de Rogério Pereira, com edição da Associação Espaço e Memória… 
… lançamento para o qual fui honrado com convite para integrar a mesa neste dia do seu surgimento.

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Um relato por afectos em tempos de guerra. Angola, nos idos de sessenta, sem nunca perder de vista essa circunstância primeira de se ser humano.  

O autor descreve esse seu involuntário destino, degladiando-se entre si próprio, a sua Alma e o seu Contrário, deixando-nos um testemunho original desses tempos que tanto repudiamos, mas testemunho que a todos enriquece.  

Por mim, limitei-me a dar voz ao autor, que trazia a sua embargada de acontecimentos.

E lá navegámos todos, entre o Mar Arável e este Sete Mares e quantos mais ventos e correntes de feição tiveram artes de nos guiar a bom porto.
Vejam mais em:

O desconcerto da «concertação» II
– o benefício da dúvida perante o malefício da dívida

Não me parece que João Proença pudesse fazer outra coisa a não ser assinar aquele «acordo de concertação». E apoio esta afirmação após a apreciação de uma sequência de lógicas, porventura daquelas que o bom senso comum repudia – e ainda bem -, mas que existem e estão aí, como punhos, em que a UGT assume, de algum modo, o actual estado de refém da «troika», que lhe chega pela proximidade, identificação e miscegenização com o PS.
Isto não fará sentido nenhum, se quisermos cultivar ingenuidades estapafúrdias. Mas, numa tomada de posição mais pragmática – senhores, quanto me chateia este termo… – e com maior noção das realidades em que nos atolamos, faz todo o sentido.
Dizer que eu, no lugar de João Proença, não assinaria este nonsense não servirá para nada pela elementar razão de que eu sou eu e o João Proença é ele, por muito lapaliciano que surja este meu arrazoado.

Ver este meu artigo completo AQUI

Cristina Carvalho e André Gago
trouxeram-nos António Gedeão
nas Noites com Poemas

Torga dizia que um poeta não morre, ainda que todos saibamos da relatividade da afirmação perante a dimensão e inexorabilidade do tempo. No entanto, está nas nossas mãos contrariar essas inevitabilidades, adiando-as até ao infinito, através da preservação da memória e a divulgação da sua palavra.  
Foi esse exercício de eterno retorno, de tributo e homenagem, que teve lugar na nossa mais recente sessão das Noites com Poemas, pela mão da escritora Cristina Carvalho, que em boa hora se fez acompanhar por André Gago, para nos falar da personalidade e da poesia de António Gedeão, dando alma e emprestando voz aos seus poemas.    

Após a recepção e boas-vindas habituais aos presentes, coube a Carlos Peres Feio fazer a apresentação da nossa convidada, Cristina Carvalho, que nos brindou com um outro olhar, mais próximo, mais envolto em afecto, sobre o nosso poeta-cientista-historiador, pedra basilar de referência – ou pedra filosofal, se preferirem – dos amantes da palavra em forma de poema.

A sala – magnificamente preenchida, diga-se e sublinhe-se, com gáudio e orgulho – esteve longe de ter dimensão capaz de acolher tantos interessados. 

A tempo e por bem justo merecimento, foi feita a referência devida à filha de peixes que sabe nadar, com referências, também, à obra escrita de Cristina Carvalho.   

André Gago foi um contraponto emocionante à amena conversa de Cristina Carvalho acerca do seu pai, dando corpo e voz à poesia, assim a modos como legendando o que ia ficando dito… 

Chegou, logo mais, a hora de dar a palavra aos demais circunstantes que, como sempre, corresponderam à chamada, partilhando com todos Gedeão ou o muito particular olhar de cada um sobre este poeta…  

– Oeiras Verde com Pedro Faro (guitarra)

– Jograis do Atlântico

– Maria Francília Pinheiro

– David José Silva

– … com mil perdões, não retive o nome deste autor, com um empolgante poema de actualidade e combate…

– Maria Maya

– Eduardo Martins

– Carlos Pedro

– Emília Azevedo

– Ana Sofia Borlinhas

– Ana Freitas

– No final de uma belíssima sessão, uma imagem de boa parte da equipagem de mais uma navegação cumprida com alegre chegada a bom porto

– Fotografias de Lourdes Calmeiro

– cartaz de Alexandre Castro
No nosso (quase, pois já nos faltou mais para tanto…) eterno retorno, vamos iniciar 2012 pelos caminhos da Poesia, nas nossas sessões na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, no próximo dia 20 de Janeiro de 2012 (sexta-feira), pelas 21h30.
Estará connosco Cristina Carvalho, escritora, filha de peixes que sabe nadar. Com ela trará a Poesia de António Gedeão e dela sempre vos digo, respigando, com a devida vénia a Luís Bento e ao seu blog bento-vai-para-dentro (http://bento-vai-pra-dentro-bento.blogspot.com/2011/09/entrevista-cristina-carvalho.html), excertos de uma entrevista que lhe foi feita:
Cristina Carvalho – «Quanto a mim, o papel da literatura não é explicar o mundo. A literatura é o próprio mundo. Porque são sentimentos, ideais, histórias experimentadas, visitas, efabulações, desenhos de memórias, conquistas, alegria e desespero. A vida pode ser experimentada a cada linha que se lê e sempre diferente, vista por diversos olhares.(…)»
A propósito do seu amor pela Natureza, que rescende da sua obra, Cristina Carvalho dá-nos esta singela definição, começando por parafrasear o seu pai: «(…) A Natureza sou eu. Somos nós, humanidade, os únicos capazes de a compreender e de a amar a ela, Natureza. Sento-me numa pedra ao fim do dia, cruzo os braços no colo e olho para a fina fita do horizonte tentando compreendê-la no seu todo incompreensível. Nunca chegaremos lá, mas somos os únicos que tentamos alcançá-la porque todos os outros já lá estão.»
Sentar-nos-emos, então, a seu lado, na próxima sexta-feira, esperando decerto o vislumbre do raio verde solar, no último momento em que o Sol se põe, prenunciando já a próxima alvorada…
Até lá, abraços.