pisamos este chão sem ter cuidado
como se não fosse bordado a gente e mar
como se fora já longínquo algum olhar
e o nosso corpo nele não espraiado
cruzamos um caminho mal tratado
com passadas onde passos sem parar
nos conduzem a destino sem lugar
e chegamos ao futuro em nenhum lado
e o tempo fica assim em nós perdido
e com ele nós perdidos de viver
ao vivermos uma vida sem sentido
mas ainda assim com medo de morrer
como se uma teimosia além do olvido
transcendesse ainda em nós razão de ser.
– soneto de Jorge Castro