Claro que, no próximo dia 12 irei estar na rua, em Lisboa…
Portugal está do melhor
e o pior sempre a chegar
chega ministro da treta
de lambreta se calhar
mas sairá de mercedes
que é peixe fino e as redes
deixam-no sempre passar
logo atrás lá vem o crude
bem pior se é refinado
de benção cartelizado
que não há quem isto mude
já que ao governo dá jeito
com impostos a preceito
trazer o Zé esganado
e Portugal está precário
sem peso conta ou medida
não há emprego prà vida
só há emprego ordinário
fica a vida mal empregue
sem pão haver que a sossegue
de fadinho só fadário
primeiro ministro há um
que veio de lá das berças
já cheira melhor às terças
que às segundas… era um bedum…!
com jeitos de sucateiro
fez-se ao domingo engenheiro
e assim pôs fim ao jejum
outro mais que a gente vota
meteu-se um dia à viagem
só p’ra fazer a rodagem
do seu carrinho janota
mas enfim pegou de estaca
e se é avesso à sucata
aos bancos dá melhor nota
e nós cá vamos cantando
e rindo como uns perdidos
por impostos exauridos
de coxos vamos andando
num país em marcha lenta
co’a juventude sedenta
para a estranja zarpando
sobe tudo como seta
sobe o pão e sobe a sopa
e nós nem prego nem estopa
nesta conversa da treta
baixando o nível do ensino
e a saúde é destino
que escorre numa valeta
de tanto nos agacharmos
ficamos num palco estranho
de vivermos sem amanho
e por de gatas andarmos
um destes dias ainda
veremos a coisa linda
de nem irmos nem ficarmos
mas irmão concidadão
abre os olhos criatura
grita esperneia e apura
que há ventos de outra feição
que o Sol nos dá luz a rodos
e quando nasce é de todos
e a terra a todos dá pão
se calhar está na tua mão
no caminho que escolheres
mas faças o que fizeres
cuida bem da tua razão
que a razão pode ser tua
e quando ela sai à rua
os cravos nascem do chão.