Olhai, senhores, como é diferente a bruteza em Portugal. E, também, como tanta bacorada proferida sobre o recente tema dos Deolinda, me deixa uma indizível sensação de vergonha, enquanto representante dos pais que têm toda a responsabilidade em quantas gerações rasca, ou à rasca ou nem-nem vêm produzindo nos últimos quatro decénios…
Desde fazer comparações espúrias com o José Afonso – o que é tão estúpido, anacrónico e insultuoso para o próprio como para os Deolinda, pois, como devia ser sabido, cada roca com seu fuso e cada tempo com seu uso… – até aproveitar para menosprezar ou mesmo denegrir a imagem do grupo musical, numa prática muito própria dos portugas retardados ou diminuídos mentais por razões não fisiológicas, mas bem instalados nas tetas da porca estatal, tudo tem valido para esses mais desvairados gurus da nossa praça lavrarem as sentenças mais disparatadas a propósito… de tal despropósito.
Ouvidos, lidos ou vistos, curiosamente nenhum, poucos, muito poucos tiveram o discernimento ou o golpe de asa de apurar, tão-somente, que o único paralelismo legítimo a considerar nestas considerações é a capacidade mobilizadora que uma canção pode ter, de súbito arvorada em bandeira de um qualquer movimento social de descontentamento que não encontra, à mão de semear, outro modo expedito de se manifestar.
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