dias há em que volto a ser poeta
que por mim passa a lonjura do futuro
e tão só por reparar nos teus olhos
sempre perto do horizonte a descoberto

dias desses não são raros
mas esparsos
surgem num virar de esquina
num momento
numa rua da cidade que percorro
nesse instante em que vou
de encontro ao vento

é então que até pedras da calçada
redescobrem o desenho de algum mar
onde perco o andar no teu olhar
animado pelos tons das madrugadas.

– poema de Jorge Castro