quem nos ouve?
quem experimenta a imensidão do silêncio
em frente a este mar sem fúrias?
fica-nos o dedilhar intenso da guitarra de Paredes
na esperança viva de semear centelhas
sobre as águas
acordar
sim
acordar
deste torpor de cadeias
que nos deixamos impor
como se de nada fôssemos ninguém
correr à frente da vida
tangendo cordas prementes de infinito
que se encontram sempre ao alcance da mão em voo
apesar das neblinas
quem nos ouve senão nós
se estamos sós?
– poema de Jorge Castro