tenho o meu caminho aceso
entre margens de incerteza
entre ventos de passagem
entre véus de montes pardos

do norte não trago pressas
nem do sul o mar reclamo
de leste me prendem cravos
no sol poente enredados

seja de mãos o futuro
seja de sangue este grito
que do pouco se faz tudo
do nada que a vida leva

resta-me um canto de terra
debruçado sobre o mar
é neste chão que me atardo
é nele que vou semear

– Jorge Castro