Tive ontem o ensejo de acompanhar uma interessantíssima visita guiada à Oeiras histórica, promovida pela Associação Espaço e Memória, e interessantíssima porque contou com os saberes de dois excelentes guias, o professor Jorge Miranda e o professor José Meco, historiadores ambos e envolvidíssimos no estudo aprofundado de todo o património (edificado ou documental) de Oeiras. 

No entanto, em pequeno-grande apontamento que não posso deixar de referir, no momento em que ouvíamos a apresentação do que seria o passeio guiado por parte dos nossos dois professores, em frente da actual Câmara Municipal de Oeiras, dei por mim a ser agredido por mais um aborto de betão (perfeitamente destacado na imagem acima), que fere gravosa e irremediavelmente toda a paisagem urbana daquele centro histórico.
Aliás, como veio a ser observado no decorrer do passeio que fizémos, a monstruosidade é vsível de toda a envolvente do núcleo urbano que, apesar de várias perturbações e outras barbaridades edificadas, mantém, ainda assim, uma certa coerência eventualmente aproveitável para se lhe atribuir uma unidade de sentido – com funcionalidades a discutir, porventura, pela comunidade oeirense.
Agora, o mamarracho pujantíssimo que atordoa os ares e os seres com aquela manifestação de pato-bravismo de que todos somos vítimas – e vamos estando anestesiados, por habituação -, esse é que lá vai crescendo. De pedra e cal, como sói dizer-se, manifesto da estupidez temperada a golpes de ganância do homem actual, sem princípios nem cultura, que até ao Marquês de Pombal havia de repugnar, ainda para mais pelas loas ao «progresso» que as alimárias responsáveis não se cansam de invocar…    
A falta gritante de elementar senso comum nestas matérias não deixa de me surpreender! E Isaltino Morais, obviamente, não pode sair incólume pela autorização de tal barbarismo. E tudo para quê? Para que meia-dúzia de nababos possa vender a outra meia-dúzia de nababos como eles mais uma excelente vista para o mar?
Esta «técnica» de dar uma no cravo e outra na ferradura, muito a par da ladaínha do venha a nós o vosso reino, produz aberrações destas. E, assim, lá vamos deixando um futuro de vergonha às gerações vindouras. 
Mas, afinal, não se pode mesmo demoli-lo?