«Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros. Apreciem cada momento. Agradeçam
e não deixem nada por dizer,
nada por fazer.»
António Feio, na apresentação do filme Contraluz, de Fernando Fragata.

Um sorriso, sempre. Desassombrado, talvez. Sarcástico quanto baste, que as circunstâncias do País assim o justificam e dele carecem. Esperançoso, que ela, a esperança, é imorredoira e transmissível. Haja sempre, então, alguém que a empunhe.
Um exemplo de coragem? Prefiro ver nele um hino à Vida, daquela respirada em grandes haustos, de peito aberto às alvoradas.
Em sublinhado meu de uma vida inteira plena de realizações, quero destacar a magnífica parceria com o seu amigo José Pedro Gomes. Têmo-los muito junto a nós, redundantemente mais fortes do que a fraqueza, mas incomensuravelmente mais sublimes porque o seu voo é rasante ao chão da Vida, misturando-se e confundindo-se com ela, redescobrindo, em cada segundo, a dimensão do riso e da alegria de viver… Por aquilo que nos deram, não haverá modo airoso de lhes pagar o quanto fizeram por nós.
Tínhamos, também, com o António Feio, projecto pendente. Há uma sessão de Poesia da Treta,  que não pudemos realizar, ainda que já assente… A melhor homenagem que lhe poderemos, então, fazer será concretizá-la.
E nela o António Feio estará, obviamente, uma vez mais e sempre presente.
Em 10 de Julho de 2010, uma das suas incontáveis manifestações em favor da Vida sugeriu-me este poema, que lhe entrego:
que venha um Sol
muito ao rés da madrugada
que traga o vigor à flor
e um brilho ao gume do nada
que somos nós
tudo sendo
estrela
vento
e estrada…

  Até sempre, Toni!