Cada um saberá de si, claro, mas eu tenho, para mim, como dispositivo de criação ou recriação de equilíbrios, o devaneio de passear pelos campos, sentir o calor da terra-mãe e tentar partilhar os seus mistérios.

Foi o caso, há dias, para retempero da agitação, intranquilidade e insatisfação de alguns dias urbanos. 

Apreciar contornos e desvendar os incontáveis planos em que a vida se desdobra, contumaz, sempre habilitada a descobrir saídas mesmo na noite mais triste
Procurar na Natureza a mão do homem, não como símbolo de hegemonia e destruição, mas como parte integrante dela, criativa e afectuosa, grata pela óbvia dádiva da Vida de que ela é berço.  
E o conflito, quando surge, é apenas desafio de outros e novos voos, em busca de sensações inexperimentadas, que têm o condão de nos tornar mais atentos, mais sensíveis… Mais seres humanos.
Aqui a graça dos mundos entrecruzados, onde o horizonte pode ser a casa de cada um na busca diária do pão e do sustento…  
Os nossos horizontes alargam-se e mesmo que pareçam circunscritos à sequência das barreiras visuais que a terra nos apresenta, devemos apenas neles aperceber o desafio de cada nova descoberta…
Chegados, por fim, a algum jardim das delícias, só temos de nos deixar ir, maravilhados pela cornucópia que nos é oferecida, de mão-beijada…   
… assistir à laboriosa aventura do dia-a-dia das criaturas que asseguram a nossa permanência na Terra, por muito que isso possa custar aos nossos devaneios megalómanos e hegemónicos…
… sem nunca esquecermos que, atrás de uma janela, outra vem…
Assegurarmo-nos, também, de que a mão do homem pode mexer na Natureza com outras incidências, para além do reiterado disparate, nomeadamente para assegurar o seu conforto e o seu sustento, mas com a parcimónia e delicadeza que o meio ambiente espera de nós.
Afinal, tudo se resume a isso: cultivar a Vida, crescendo…
… e reproduzindo-nos.
 – Algumas das fotografias acima foram obtidas com a utilização  do trabalho «Em Azul», de Meireles de Pinho – LandArt – Festival de Arte na Paisagem – Quinta do Pisão de Cima – Cascais