vou de porta em porta em Maio
buscando o florir das flores
vou e percebo um desmaio
qual arco-íris sem cores
nos passos do meu caminho
sinto a moleza do dia
como se o tonel de vinho
vertesse só água fria
perde-se a gotas o gosto
que o saber da vida empresta
perde-se o vinho e o mosto
é tudo quanto nos resta
e na modorra parada
da jornada que em mim corra
quando ficar já sem nada
fica da vida a masmorra
há que mudar de querena
se o vento vier usai-o
que há-de valer sempre a pena
singrar em ventos de Maio

– quadras de Jorge Castro