Quem é o primordial agente do processo histórico: a individualidade ou a comunidade?

Este foi o centro das alocuções que a apresentação do livro de Gabriela Morais, A Senhora de Ofiúsa, suscitou.
Antiga disputa entre estudiosos e homens da ciência, mas também por assunção de postura filosófica e política, aos participantes nesta apresentação coube optar claramente pela comunidade como elemento criador desse processo, contra a orientação estreita e errónea, na opinião destes mesmos participantes, que aponta para a individualidade – mais ou menos inspirada e/ou salvadora – como eixo sobre o qual vai girando toda a Humanidade.
E muito longe nos leva esta urgente mudança radical de paradigma, pelo engrandecimento e notoriedade que essa nova abordagem confere o cidadão comum, integrado na sua comunidade – ou na sua circunstância, como motor e fautor da História do Homem ou do seu processo histórico.
A tanto nos conduz, também, A Senhora de Ofiúsa, percorrendo cerca de 30.000 anos da nossa História, estabelecendo um nexo lógico através daquilo que já se denomina por merecido reconhecimento, na comunidade científica internacional, o Paradigma da Continuidade Paleolítica, abordagem inovadora e desafiante sobre os caminhos da História da Europa… que, como é infeliz hábito, parece que apenas em Portugal não colhe eco.

Valham-nos as (pouquíssimas, ainda que ingentes) Gabrielas Morais e Fernandas Frazões que empunham este estandarte, contra ventos de acomodações e marés de ignorância.

A Comunidade de Leitores das Caldas da Rainha – com realce para Palmira Gaspar e Carlos Gaspar -, bem como a Biblioteca Municipal, na pessoa da Dra. Aida Reis, acolheram, em boa hora e com alargada visão de futuro, no passado dia 20 de Março, a apresentação e divulgação desta obra polémica, ainda que encantatória, e que tive, com o Pedro Laranjeira, a maior honra em secundar.

Destaque ainda para as participações do jovem acordeonista João Bernardino, do Conservatório das Caldas da Rainha, e dos Jograis do Canto Sénior, cujas participações, pela música e pela poesia, trouxeram mais riqueza, ainda, a uma sessão bem animada.

Gabriela Morais
Jorge Castro

Fernanda Frazão

Pedro Laranjeira


João Bernardino

Jograis do Canto Sénior


– Fotografias de Lídia Castro