Sou um leitor compulsivo da BD. Como forma de homenagear uma das obras que, neste domínio, mais me agradou em muitos anos que levo deste entusiasmo, ocorreu-me o título acima, peça que denuncia um empenhadíssimo e assaz crítico olhar social do seu autor, Miguelanxo Prado, e que com a devida vénia «usurpo» para inaugurar um capítulo mais nesta aventura comunicante.


Na praia invernosa, suja com o que as marés enjeitam, num recanto entre rochedos e lixo, uma metáfora de um Portugal que se lê nos jornais: um balão de ar, poisado no chão, anunciando que «as ofertas andam no ar»…Talvez andem, na verdade, as valdevinas cabeças-de-vento das anunciadas ofertas. Mas o seu anúncio é rasteirinho e fica-se, impotente, entre a sujidade da areia. Um pouco mais de hélio e seria asa. Assim, não, está quase a juntar-se ao lixo que o rodeia, esse balão de ar anunciante de quimeras…(fotografia de Jorge Castro)