Não me foi fácil sair da entrada anterior… De algum modo, o objectivo de um blog pode esgotar-se quando se atinge uma etapa como essa. Ou, dito de outro modo, um pretexto tão bom como qualquer outro para encerrar algum livro de deve e haver da Vida, se ainda alguém usasse livros quejandos nessas contabilidades.
Mas tal é coisa caída em desuso e a Vida é animal que se quer tocado para a frente. De elefante, a memória; de mágoa, crocodilo… mas, de rancor, nem alforreca.
Há males destes que são por bem. Devo, seguramente, esta abordagem, que me salta pelos poros independente da minha vontade, aos encaminhamentos onde os meus pais foram guias. Ou não, talvez meros faróis.
Mas o que é certo é estarmos vivos, aqui e hoje, com um mundo pela frente e incontáveis motivações para se prosseguir viagem.
de onde vens eu intrépido pergunto
dando largas bem ousadas ao bestunto
e tu nada me dizes circunspecto
porque vais e não vens como eu projecto

chama-se isto desencontro eu presumo
este vir para um ser ir para o outro o rumo
e assumo pois ser coisa de elegância
desta coisa de ir e vir guardar distância

nunca fomos nem viemos pelos vistos
vamos indo e ficando como Cristos
transportando a nossa cruz a algum calvário
desde cedo – muito cedo – desde o ovário

e o rosário destas penas é por vezes
a penosa penitência dos fregueses
que nós somos cada um no ilusório
de um viver que é de ser ambulatório

cada um no entanto em circo infindo
vai chegando quando o outro vai partindo
e o encontro se é fugaz e reticente
que ele seja então audaz e mais urgente.


– poema de Jorge Castro
A tempo e muito a propósito, o meu reconhecimento, gratidão e apreço por todos quantos me contactaram ou a meus familiares, por meios diversos, a propósito da entrada anterior.
É minha intenção, obviamente, publicar a resposta que me chegue do Ministério da Saúde, se ela algum dia chegar…