quantas casas vão ruindo neste mundo
quantos males
epidemias
quantos medos
em razias neste imenso mar sem fundo
onde sobra a morte e singra a solidão?

quantas mãos erguendo aos céus as suas preces
a mil deuses escondidos no universo
sem jamais terem sabido deste chão?

quantos versos cada hora buscam vida
escondida nos esconsos solitários
de viver sem saber de algum irmão?

e cada dia flui nesse vaivém
da eterna rotação espiralada
onde atrás de algum dia um outro vem
mesmo sem que algum homem dê por nada

felizmente há o luar
e alguns poemas
primavera e outono
inverno verão
poente de chuva e sol nascente
redimindo em cada verso o imenso tédio
de cuidar não ter remédio
a ilusão.

– poema de Jorge Castro