No fundo, se quisermos ver com olhos de ver, o que percepcionamos da vida compõe-se daquilo que vemos e daquilo que queremos ver. Os nossos sentidos estão aí, para o que der e vier. Mas o nosso entendimento do mundo tem os filtros das nossas vivências ou, se quisermos, da nossa cultura. O milho que a senhora lança, alimenta os pombos, mas faculta o voo…

Podemos, pois, em cada momento da vida, abrir uma janela nova nas paredes desse edifício e permitir a renovação do ar e a entrada da luz.
É tão só disso que se trata quando ouço a Fernanda Frazão e a Gabriela Morais dissertando sobre a Teoria da Continuidade Paleolítica, tal como ocorreu nesta sessão dedicada ao livro A Senhora de Ofiúsa.

A terra de Ofiúsa parece-nos, então, tão óbvia, tão entranhada, que damos por nós surpreendidos por terem sido possíveis tantos anos do nosso alheamento.

E, logo depois, parece-nos fácil voar. Afinal, as asas existiam. Talvez nos faltasse, apenas, o sustento.

NOTA de rodapé: para quem considere algo exotérica esta mensagem, desengane-se. Se as ideias surgem um pouco «encriptadas», as pistas, no entanto, estão no pequeno texto e a curiosidade pode ser saciada através de um contacto junto da editora Apenas Livros. Está lá tudo…