Com a devida vénia ao Google, mas sem cobrar nada, também, pela publicidade, aqui deixo o meu abraço a esses nossos ancestrais, Astérix e Obélix, que me deliciaram nas imberbes meninices como na «idade da experiência». Aliás, essa será a diferença subtil entre épocas da nossa vida: a idade das experiências e a idade da experiência… Entendam-se sempre ambas como valores relativos, claro.Nos jornais, nos noticiários de rádio e tv, mais um atentado, no Médio Oriente, com não sei quantas centenas de vítimas, uma criança a morrer de gripe A ou talvez não, com deficiente assistência ou talvez não, uma mão-cheia de pequenos tubarões da costa portuguesa que foram constituídos arguidos em mais um intrincado mistério que será insolúvel, como todos os mistérios dignos desse nome, em que somos férteis, ou talvez não… Depois, a xaropada dos futebóis em que apenas me consigo espantar com a capacidade infinita de se poder comentar até ao infinito com baboseiras, lugares comuns e absolutas faltas de senso com os quais, apesar disso, toda ou quase toda uma comunidade se deixa envolver, como se disso resultasse o pão que falta às bocas.Há um padre pistoleiro, ou talvez não. Uma criança russa abusada por um tribunal português, ou talvez não. Um espectáculo ao vivo feito por um artista ao morto. Há um índice qualquer que regista que o cidadão português pode contar, por vida, com cerca de quarenta e tal anos de felicidade, o que, sendo simpático e auspicioso, é pouco credível.E há o Astérix e o Obélix, se calhar filhos dos nossos ancestrais avós, mais consistentes, mais reais, mais próximos do que toda aquela chusma de delírios em que os noticiários transformam o nosso mundo quotidiano.Valha-me uma poção mágica que me proteja da invasão noticiosa, bem mais invasiva do que a romana…