Vejamos:

– O PS de Sócrates obteve a maioria (36,6%), nas eleições para a Assembleia Legislativa;

– O PSD de Ferreira Leite ficou em segundo lugar na votação (29,1%);

– O CDS de Portas classificou-se no terceiro posto (10,5%);

– O BE de Louçã dispõe da quarta posição (9,9%):

– O PCP de Jerónimo de Sousa vem em quinto lugar (7,5%).

Postas as coisas assim, com alguma objectividade, onde é que está o drama? É imperioso que se entendam? Global ou sectorialmente? Pergunto-me: então não é isto o estado pleno da Democracia, onde os intervenientes estão intitucional e eticamente obrigados ao diálogo, à convergência, à concertação?
Essa treta da maioria absoluta, como já disse, é que me parece desvirtuar o sistema. Governar com maioria absoluta – como aconteceu com o PS durante quase 5 anos – tratou-se, esse sim, daquele «intervalo da Democracia» com que Ferreira Leite ironizava há uns tempos atrás (ironia que pagou bem caro)… E foi o que Sócrates exerceu: um intervalo na Democracia, onde cada absoluta decisão nos custou (e custa) sangue, suor e lágrimas, para além de intensas dores de cabeça.
Agora, face ao alinhamento parlamentar tal como o votámos, como referi lá pelo blog do meu amigo Herético (Relógio de Pêndulo), teremos por certas as mesuras. Esperemos, no entanto, que as fraldas, de si curtas, das camisas dos encurvados não lhes desvendem, ao curvarem-se, alguma minudência nadegueira, não vá algum garoto mais espevitado gritar que já se lhes vê o cu… e assim se desmoralizarão secretismos e outras evidências.
Quanto ao mais – que sei eu?… – diria que este é um momento histórico de aplicação dos preceitos da democracia burguesa. Mas, entretanto, que nos sobre em ética o que nos mingua na ideologia, e talvez sejamos capazes de sobreviver mais uma mão-cheia de anos.
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Opinião de última hora21h40Cavaco Silva acaba de comunicar ao País que não está com vontade nenhuma de indigitar José Sócrates como Primeiro Ministro. Ou melhor, depois de, com o seu prudente (?) silêncio ter tramado Manuela Ferreira Leite em troca da sua isenção presidencial, desafia o PS a ser capaz de lhe encontrar outro nome para Primeiro Ministro.
Alucinação?
Aguardemos os próximos capítulos…