Prosseguindo num périplo alentejano e raiano, primeiro o Redondo, das louças, do cante, entranhados de vivências que mal sabemos já onde moram…

O azul do céu trazido ao rés das casas, em vizinhanças que no Alentejo são mais vivas e aparentemente óbvias… Também a monumentalidade e o asseio das ruas, a darem-nos lições de cidadania, a confundirem-se com o amor à terra, às raízes… E a vista a perder-se nas lonjuras, tanta vez a ter de seu nada mais que o horizonte…


De seguida, um salto a Estremoz, caindo a tarde. O tenor Tomaz Alcaide lembrado num recanto acolhedor – «bendita a sua voz, cuja pureza / tendo o frescor da terra portuguesa, / tem o calor do Sol alentejano!»

Num apontamento breve, ressaltar o riquíssimo trabalhado das calçadas, em mármore, que pisámos tanta vez sem dar por ele, como se de perturbadora metáfora deste País se tratasse…

Depois do chão, olhos ao céu, para se espantar o olhar com o inusitado das carantonhas que nos espreitam da chaminé, vigiando os nossos passos…


Mais à frente, num ensurdecedor chilreio, a pardalada regressa dos campos, da sua faina diária em busca de sustento, vindo retemperar forças – vá lá saber-se porquê – nas árvores urbanas. E as ruas ficam em festa, nestes fins de tarde, com a algaraviada de milhares de aves, que vão chegando em revoadas constantes.

Não sei se alguém, com dotes de compositor, já terá atentado em tal sinfonia. A mim pareceu-me, escutando por momentos a estridência – que tanto me recordou as minhas queridas árvores mirandesas -, estar ali sobejo motivo para uma sinfonia campesina…