Acabei de ler Diz Que É Uma Espécie De Democracia, do jornalista João Paulo Guerra, edição da Oficina do Livro. Leitura lenta e degustada, que, ao contrário do prof. Marcelo, gosto (e só sei) ler devagar. Colectânea de artigos publicados pelo autor na sua «Coluna Vertebral» do Diário Económico, entre 1999 e 2009, traz-nos à boca de cena o triste espectáculo da política nacional nesta última década.Um passeio desassombrado e nada nostálgico pelas «políticas» do centrão e seus apêndices. Como todos sofremos, em maior ou menor grau, dessa forma estranha de amnésia que tende a ocultar, nos recessos mais recônditos do cérebro, os episódios mais negros das nossas vidas , este livro revela-se de absoluta relevância.Recordar, por exemplo, que o quadrilátero formado por Guterres, Durão, Lopes e Sócrates, entre 2000 e 2007, encerrou UM TERÇO das escolas públicas do País – conforme dados do INE -, promovendo-se aquilo que o autor apelida, e eu subscrevo, autênticos «campos de concentração» no ensino, é escandalosamente interessante e elucidativo, mormente neste período eleitoral.E muito, muito mais, escrito com um humor acidulado mas que cada circunstância referida justifica plenamente.Uma lufada de ar fresco nestes dias, finalmente, quentes, e cuja leitura recomendo vivamente.
Um livro é sempre um excelente destino de férias e, convenhamos, a um preço razoável, se o compararmos à entrada para qualquer jogo de futebol, qualquer tourada ou qualquer (des)concerto com música da treta.