Em 25 de Abril de 2009, estarei em Coruche, levando comigo poemas à inauguração da exposição d’Arte LIBERDADE.
Levo mais quatro amigos, como convém, para prefazermos cinco. Mas esperam-se muitos mais. Tu, aí, aparece, que a tua presença faz sempre falta.
A seguir, meu contributo anual para Abril.


Ainda Abril

eu não tenho de Abril esse conceito
de que basta ser Abril p’ra ser perfeito
o preceito de viver a liberdade
um Abril p’ra ser Abril terá o jeito
de trazer o povo à rua por defeito
dando voz e corpo à alma da cidade

um Abril feito de cravos outra vez
feito eu e tu e nós e vós talvez
na corrente mar de gente em que descaio
um Abril que soube ser bem mais que um mês
ao vestir-se de vermelho português
como arauto daquele outro mês de Maio

cem mil gritos contra a mágoa e a amargura
cem mil vozes a descobrir a ternura
na passada firme e certa da viagem
pelas ruas as pessoas na aventura
de sentir derrocar a ditadura
pela força da vontade e da coragem

contra o medo e a opressão eles marcharam
pela força da razão eles triunfaram
em razões de força firme mas serena
e nos campos cem mil flores desabrocharam
cem mil braços do trabalho se orgulharam
do combate longo que valeu a pena.

– poema de Jorge Castro