Um bom amigo, Rui Farinha de sua graça, biólogo por formação, astrofísico por paixão, professor… porque sim e, por fim mas nunca por último, pai porque também sim. Adicione-se a isso o seu imenso gosto pela poesia e uma especial arte de dizer. Como condimento final, apure-se que é o Ano Internacional da Astronomia, este em que estamos.
Tudo somado e levado ao lume brando mas constante dos afectos e adivinha-se uma refeição poética suculenta, em que seremos levados a ver um Céu Poema ou o Universo através do Avessoscópio.
Esta será a próxima sessão das Noites Com Poemas, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, dia 16 de Abril de 2009, pelas 21h30, como sempre. Lá estarei, também como sempre à vossa espera… Ah, e não se esqueçam de trazer um amigo e algum poema – não sei se já repararam, mas estamos no mês de Abril!
E, a propósito…

O pó de estrelas caindo na calçada

persigo o infinito a cada passo
e ele aí está ao alcance do meu braço
no caminho feito a passo que não meço
uma linha do horizonte em que tropeço

o surtir do efeito que procuro
se esbracejo como sombra contra o muro
ou no grito de bravura que admiro
desafio de aventura que prefiro

abro mão de algum dia mais mesquinho
que nos dá do viver o estar sozinho
e pressinto na calçada o pó de estrelas
de um saber estar na vida p’ra merecê-las

porque há sempre o vento e o mar apetecidos
ressoando musicais nos meus sentidos
e uma bússola apontada além da morte
que me dá um universo de outra sorte

persigo o infinito a cada passo
se esbracejo como sombra contra o muro
e pressinto na calçada o pó de estrelas
que me dá um universo de outra sorte.

– poema de Jorge Castro