Semana horribilis para José Sócrates? Não creio. Cada um colhe, na verdade, o produto da sua sementeira.
Tão preocupado ele anda com a avaliação dos professores que não cura de apurar (nem, aparentemente, isso lhe interessa) da avaliação dos gestores que saltitam, quais inefáveis mariposas, pelos conselhos de administração das empresas públicas, privadas e assim-assim, bem como dos seus incontáveis directores de serviços, que acumulam danos de gestão, uns em cima dos outros, sem que ninguém «lhes vá à perna».
Depois, aquela do «relatório da OCDE» sobre a qualidade do ensino, em Portugal, que, afinal, não é de OCDE nenhuma – o que levou menos de três dias a desmascarar…!
Porque se empenhará tanto este primeiro ministro a convencer-nos de que as aldrabices em que parece fazer questão de se envolver são inócuas? Coisa estranha, a assumir foros de patologia…
E lá vêm os arautos do costume aconselhar que, graças às trapalhices do Freeport, há que fazer o povo ir às urnas para sabermos se ainda há confiança neste primeiro ministro, de créditos tão abalados. Ora, abalados tem ele os créditos há muito tempo. Que não seja por isso…
Antecipar as eleições parece-me, claramente, uma manobra para tentar evitar o descalabro que se antecipa para este estilo «socrático», se o mandato for levado até ao fim.
Na verdade, a cada dia que passa, mais se torna evidente, para todos, a nudez deste reizinho. Que vá, pois, até ao fim, com a sua pele esburacada e postiça de «lobo da modernidade» da treta, pois a cada cavadela se destapa mais a fantochada que Medina Carreira refere e de que Sócrates é, entre vários outros, um excelente cultor.
Temperada pelo descontentamento que os dias que vivemos nos trazem a todos, talvez surja uma oportunidade histórica para o bom povo português, sem grandes sobressaltos comportamentais, se lembrar de que Abril também é quando um homem quiser.
E de que o voto, por vezes, também é a arma do povo.