Uma inverdade, quando não uma mentira, de tantas vezes repetida tende a levar-se à conta de verdade, como é sabido.
Vem isto a propósito da «guerra das avaliações» que o Ministério da Educação de Sócrates quer, à força e com desatino, impôr aos professores. Pergunto-me porquê e para quê…
Ninguém fala de conteúdos lectivos, de falta de condições elementares nos estabelecimentos de ensino públicos, por onde passa a devastadora carência de pessoal não docente, das misérias sociais que «obrigam» os pais a armazenarem os filhos cada vez por mais tempo nas escolas… Não, dessas minudências não se fala!
Interessa, sim, a avaliação dos professores, ou o método para tal (des)dita.
De tanto se bater com a picareta argumentativa, todos – Ministério, sindicatos e os próprios professores, passando pelos habituais «fazedores de opinião» – parecem assumir que a avaliação, uma qualquer, melhor ou pior, é que redimirá a tendência de catástrofe para onde se encaminha o ensino público.
Ora, aqui começa e acaba a falácia.
A paranóia da avaliação atravessa há já longos anos o mundo empresarial privado e, já abandonada em muitos locais ou descredibilizada noutros, para que serviu a sua prática?
Para estabelecer novos compadrios, novas acomodações, «lógicas» de tráfico de influências que acirraram rivalidades pessoais em detrimento de eficácias e competências, geralmente em troca dos pratos de lentilhas que fazem correr os arrivistas, estímulo negativo para os cobardes, que ainda se enclausuraram mais dentro dos seus medos…
Mas não serviram para estruturar as empresas através de reconhecidos méritos que as tais avaliações propiciariam, como se poderia pensar nos discursos laudatórios dos seus mentores.
Quem quiser casos concretos, venha até cá, que tenho muitos e bons para sustentar as afirmações precedentes.
E é, então, esta panaceia que faz correr os neo-liberais no governo da nação? É a comparação entre um docente de uma escola de um bairro problemático com um outro de uma escola frequentada por filhos de ministros – se é que algum ainda tem filhos no Ensino Público!… – que nos vai levar ao céu?
Tenham lá santa paciência, mas não é, definitivamente, para isto que eu ando a pagar impostos!
*
Deixo-vos com um pequeno momento de lucidez, daquela que a Maria de Lourdes Rodrigues está a promover no Ensino Público:
Redassão: ‘O mano’

Quando eu tiver um mano,
vai-se chamar Herrar,
porque Herrar é o mano.

Fin.