No fim de semana que passou fui a Miranda do Douro, participando no 8º Encontro dos Antigos Alunos do Externato de São José.

A cidade esperava-nos, já alta a noite, com os nossos anfitriões de atalaia, que a viagem é longa e os viajantes reconfortam-se com estas atenções…

Na manhã seguinte, temos o grato prazer de confirmar que Miranda do Douro se embeleza mais, a cada ano que passa, a bem de quem nela habita e para fruição dos que a visitam…

Procurámos-lhe as imagens retidas na nossa memória…


… buscámos as referências que até ela nos fizeram chegar…

Reencontrámos as caras e os abraços de velhos tempos que sabem fazer-se sempre novos.

Aplaudimos aqueles que têm sabido cuidar da nossa cidade.


Experimentámos honrarias que nos exaltam…


Revisitámos os lugares que nos contam e relembram jeitos e modos por onde fomos crescendo…

Já não chegam a Duas Igrejas nem os apitos dos velhos comboios nem as volutas de fumo denso e negro para o transporte do trigo ou para o aceno da esperança. Obra do demo, resfolegante e trôpego, enquanto a velocidade não o fazia perder da vista naqueles carris que apontavam para o horizonte!

As pombas desabituaram-se do aconchego dos pombais…


Mas a Natureza é a mesma e cresce, sem pedir licença, em gritos que quase são perceptíveis até pelos nossos ouvidos humanos, tão dasabituados, também, de ouvir tudo e todos.

O inusitado de uma brejeirice conforta-nos e, de algum modo, redime-nos dos dias sorumbáticos.

Há tempo, ainda, para novos enlaces: as pequenas represas acalmam o ribeirito, adoçam-no da agrura da invernia amealhando-lhe vida para o seco estio… E ele lá vai correndo para o Douro, como sempre. Talvez apenas um pouco mais lento… Mas há-de chegar à foz, que a água sempre corre e, se não a deixam, sempre voa.

As pedras, essas permanecem. Lá estão, compenetradas do seu papel, organizadas pelos homens que as talharam. O tempo as molda. As reorganiza.

Aos poucos vão-se assemelhando ao demais fraguedo, para que as nuvens as não desprezem.

Sim, que elas, as pedras, já viram muito para se deixarem convencer pelas ilusões de passagem por dá cá aquela palha…

A mim basta-me apenas a certeza de que sempre regressarei à minha terra de afecto.