Está uma bela manhã. Daquelas que eu gosto. O céu está azul, mas coalhado de nuvens e, ainda não faz meia-hora, choveu intensamente.

A manhã apresenta-se de cara lavada. Esta luz limpa alonga-nos o horizonte e as plantas e as coisas, rejuvenescidas, mostram-nos as suas cores mais verdadeiras.

Deu-me para trautear uma velha canção esquecida, que nem sei porque recordei. Apresto-me para aparar a sebe, que selvaticamente começa a interferir na minha relação com a vizinhança.

A brisa, leve, estremece apenas as folhas das árvores, carregadas de promessas de frutos. Os melros e os pardais empenham-se no sustento diário e na passagem de testemunho à geração seguinte, riscos voados, urgentes, atravessando o jardim.

A minha gata, cinzenta, rebola no verde da relva e mordisca ervas, no entremeio das emboscadas a presas imaginadas. Ouço-lhe imperceptíveis miados de gozo…

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– Alguém que avise os donos do dinheiro de que nada disto está, ainda, cotado em bolsa!