as palavras

são palavras que nos guardam
que resguardam o passado
nos caminhos que trilhamos

são palavras do presente
que se lavram ternamente
no futuro que fizermos

mas há palavras dementes
que ferem gritam trucidam
o dia mal resguardado

há gemidos nas palavras
lágrimas risos e as lavras
da sementeira do acaso

palavras não valem nada
mas são o gume da espada
e do berço o acalanto

eu às palavras pertenço
e subo ao rés do universo
se me perco ou se me venço

às palavras me abandono
que não sou dono de nada
para além de uma alvorada

trago as palavras comigo
levo-as ao porto de abrigo
nos caminhos que cruzamos

há palavras para os ais
para o sempre e nunca mais
elas sobram se as calamos.

– poema de Jorge Castro

20 de Fevereiro, na Biblioteca Municipal de Cascais, em São Domingos de Rana, pelas 22 horas, prontos para mais uma sessão. Procurando pistas para a arte sublime do encontro “quando há tanto desencontro nessa vida”.

Desta vez, voluntariamente sem convidado especial, que o havemos de ser nós todos, os que por lá aparecermos.

Se vieres, traz um poema. Se quiseres, traz mais do que um. E encontra um amigo para trazer, também.