caiu por fim a velha folha que tardava
junto à calçada debruada a cantaria
e de tão velha a velha folha demarcava
a pedra fria a provar-nos que existia

levou-a o vento a cumprir o seu caminho
moldou-a a chuva desfiando cada fibra
e amanhã no húmus que atapeta um ninho
ajuda a seiva que num outro corpo vibra

ali na pedra impressiva num tom seco
deixou sua marca uns dias mais de teimosia
assim como quem diz de si deixar um eco
como a provar-nos que há-de regressar um dia


– foto e poema de Jorge Castro