Depois das mais recentes declarações do senhor Bastonário da Ordem dos Médicos, lê-se no Público de 05 de Julho de 2007: “Os Ministérios das Finanças e da Saúde convidaram o bastonário da Ordem dos Médicos a apresentar sugestões para melhorar o funcionamento das juntas médicas da Caixa Geral de Aposentações”.
E lá continuamos a alimentar os tiques que nos vivem entranhados na pele desde tempos imemoriais e que constituem esta nossa matriz de portugalidade: depois de casa roubada, trancas à porta.

É preciso que haja mártires para que desperte a consciência cívica dos poderes instituídos que, supostamente, existem para prestar serviço público. Pelo caminho alimentam-se as iniquidades e pactua-se com o laxismo, vitamina que alimenta o compadrio…

Quem não sabe, de boa mente, que as Juntas “Médicas” a que temos direito funcionam como funcionam? E, de súbito – ó espanto! – afinal, ele há administrativos nas Juntas ditas “Médicas” e ele há médicos que se esqueceram do juramento de Hipócrates!

Continuo, no entanto, convicto de que a questão se coloca na perspectiva de que “se de um lado chove, do outro troveja”. E falo, claro destes diversos organismos que regulam e regulamentam as nossas vidas.

Assim sendo, não é admissível que uma Junta “Médica” declare, por absurdo, que um amputado das duas pernas esteja pronto para serviço activo, sendo que a tarefa que esse mesmo amputado desempenha seja, por exemplo, a de estafetagem… Porém, a sua entidade empregadora, se obriga o amputado a exercer a função escudando-se no parecer “técnico” da Junta, não revela menor desumanidade! Enfim, nada disto será razoável… Mas ocorre!

Depois, presumem que lhes basta dar uma de preocupados, afirmando que é preciso corrigir estes disparates, como se isso não fosse gritantemente óbvio desde a alvorada dos tempos para os cidadãos que vivem a vida fora das politiquices.

O que é mais curioso é que os tais poderes estabelecidos persistam na convicção de que somos todos um rebanho de ingénuos inocentes. E, pelos vistos, têm bastante razão e fundamento nessas convicções…