Escasseia-me engenho e arte para escrever o belo poema de amor que me foi sugerido pelo olhar pachorrento e algo bovino de Manuel Pinho quando uma jornalista lhe pediu para comentar as divergentes atitudes de Sócrates e de Zapatero perante o massivo despedimento promovido pela empresa Delphi…
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Há cerca de um mês, Sócrates anunciou o fim do congelamento das carreiras na administração pública, por considerar tal uma vergonha e um abuso… Tratava-se, então, de uma entrevista levada a efeito pela RTP1 onde ele tentava limpar uma sarrabulhenta licenciatura em Engenharia que, aparentemente, está para apurar se não lhe terá saído na “Farinha Amparo”. Havia, pois, que engodar o povo com a imagem do primeiro-ministro-preocupado-à-brava-com-a-coisa-pública, despromovendo assim a sua coisa privada (salvo seja…).

Ontem, com a licenciatura atenuada pelo desaparecimento de Madeleine e pelo regabofe da Câmara da capital, já ouvimos que, afinal , o congelamento durará até 2009. Sócrates até por linhas direitas escreve torto. Dedico-lhe um pobre acróstico:

Ainda não passaram muitos dias
Lavando o nome com pano encardido
Doente de alma e de burel qual Egas
Rapaz simplório ao povo dando tréguas
Anunciou cessar congelamentos
Biltre mal sentiu corda folgada
Ão-ão ele fez de cão o maganão
O gelo nos propõe p’rà eternidade…
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Notícia estúpida –
Diz a Lusa: “Responsáveis do sector da saúde admitiram recentemente que o número de mortes devido às ondas de calor em Portugal poderá aumentar este ano, vitimando pessoas mais vulneráveis, que não foram atingidas pela gripe do último Inverno”.
Segundo a mesma agência, José Tereso, coordenador do Centro Regional de Saúde Pública de Coimbra terá dito: “- Não tivemos grandes efeitos da gripe no Inverno”, pelo que prevê que esse “défice” (???!!!) “irá reflectir-se no próximo Verão, afectando pessoas menos resistentes , tais como os idosos…” e “irá engrossar provavelmente (???!!!) o número de mortos”.
Muito bem! Excelente e preclaro raciocínio. Este homem também será licenciado em Engenharia?
Acabei de apurar, por antítese, que a minha querida avó, se não tivesse morrido, provavelmente ainda hoje estaria viva!
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Nos exames de faz-de-conta com que a Milu da gritaria brindou a malta, esqueceram-se, lá pelos lados do santíssimo ministério, de que o dia aprazado para os mesmos era feriado municipal em Leiria.
Problema? Nenhum! Pais, alunos e professores viram-se obrigados a abdicar do feriado, a bem da nação, por conta de um exame que não conta para nada.
Nos noticiários alguém referiu alguma coisa? Não, pois não? Vão ver, o ministro Lino é que tem razão: isto é um deserto. De ideias e de tomates!