Temos nós, os de “certa idade”, progressiva dificuldade em integrar os novos dias. Mais arredondados, os conceitos e o corpo, tendemos a rebolar pela aspereza das coisas com mais fluidez do que aquela que os aguçados bicos da juventude nos permitiam.
Talvez esta geometria da vida, articulada com dados adquiridos elementares como a erosão, a inércia, etc., seja a grande causadora dos chamados “conflitos geracionais”.
Enquanto jovens, de corpo e mente, somos uma espécie de velcro, agarrando-nos a tudo e a cada coisa ou ser como se nada mais houvesse. Depois, aos poucos e com maior ou menor velocidade, o desgaste vai favorendo o rolarmos, tentando flutuar, pelo mar das intranquilidades, sem nos atermos ou atarmos às tais asperezas.
Alguns resistem ou julgam que tentam resistir…

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Algumas (poucas) questões recentes da lusitanidade:
– Os médicos “desportivos” passam a vida a falar do quadro clínico de desportistas (no activo ou nem tanto), para divulgação nos órgãos de comunicação. Há uma figura no código deontológico dos médicos que os obriga à reserva de confidencialidade. Esta figura não obriga, também, os médicos “desportivos”? O que nos diz a respectiva Ordem àcerca?… Ou os desportistas, como mercadoria humana que são, já não estão abrangidos pela Declaração Universal dos Direitos do Homem?
– Um dirigente político leva bastos anos de insultos soezes aos seus “parceiros de caminhada”, para além de uma prática sui generis na presidência dos destinos de toda uma comunidade, através de regras ao arrepio de tudo e de todos. Nada (lhe) acontece. Será porque os visados as assumem, com a modéstia e o pudor do “quem cala consente”? Será porque um “alto dirigente” passa a ser, enquanto tal, inimputável, por mais desviado da lei que ande?
A questão que ressalta e me preocupa perante este tipo de questões é esta: onde estão as ferramentas que me auxiliam no magistério de transmitir à futura geração – seja qual for a minha abordagem perante a vida – aquele testemunho inalienável a que alguns chamam os valores? Ou, colocada de outra forma: onde é que fica o Norte desta bússula alienada?
Sugiro a leitura de um livro, como panaceia favorável ao combate contra estas pequenas angústias urbanas.