A única coisa que pode esperar-se quando se promove um “concurso” estúpido é que o resultado final seja uma estupidez.

A estupidez é “a qualidade daquele ou daquilo que é estúpido. Palavra ou acção própria de gente estúpida”, sendo que estúpido é aquele “que tem inteligência escassa, ou pouco juízo. Incapaz de compreender qualquer coisa. Entorpecido, paralisado. Atacado de estupor. Que revela pouco juízo ou é prova de pouco juízo, de falta de tino” (definições obtidas em dicionários).

Nas televisões pululam os concursos estúpidos.

Ora, como não posso crer que quem os pensa e promove seja gente de inteligência escassa, enfermando de pouco ou nenhum juízo – a tal falta de tino – devo considerar que o acto é deliberado no sentido de promover a estupidez junto do indígena, aquele já de si propenso a coisas estúpidas, para que o nível de estupidez se eleve, gloriosamente, no nosso país (e no mundo). Esta deliberação, este acto voluntário de promoção da estupidez é que já é meritório de bengalada.

A quem poderá servir a estupidez assim globalizada, a tão baixo preço? Ora, pergunta ela própria eivada de ingénua estultice e que só tem cabimento se formulada retoricamente…

Ao pão bolorento e escasso sucede o circo decrépito e manhoso, o que envergonharia qualquer César antigo, mas enche de gáudio, louvores e fundos de maneio os “patronos da opinião” que comem da mão dos modernos Césares.

E é assim que meia dúzia de pernas e de mamas generosamente sugeridas (que não mostradas), ponteadas, em aldrabona antítese, por “cérebros” babosos e inúteis, são o chamariz incontornável que resulta na eleição do “Botas” como o melhor dos portugueses.

(Porque é que me lembrei agora daquela “boca” cínica segundo a qual cada povo tem os governantes que merece?)

O “Botas” António o melhor dos portugueses? Em que lodo pestilencial se nutrem tais cabecinhas? Algum desses delirantes patetas terá coragem para vir defender, de cara ao sol e voz aberta, alguns dos pilares salazarentos, como o analfabetismo, a proibição do voto das mulheres ou a prisão atribiliária por delito de opinião? Se calhar até têm, mas eu gostava de ver…

Por outro lado, diferem de reles rameiras aqueles que se deixam enrolar nestes jogos de poder, a troco de algum prato de lentilhas? Não me parece. Note-se, aliás, que nada tenho contra as rameiras, para quem será, até, insultuoso compará-las a tais vendidos… Elas vendem o corpo na presuntiva esperança de um dia salvarem a alma. Estes vendem a alma com a certeza contratada de salvarem, em cada dia, o corpinho. Por isso, a estes se destina e lhes assenta o adjectivo reles.

E, convenhamos, estes vómitos de suposto entretenimento só aparecem à luz do dia se e quando surge quem se disponibiliza a dar a cara por eles…
Esperar-se-á, apenas, que as acções fiquem com quem as pratica. Mas receio que não…