Longe de mim dar uma de moralista… Nunca! Vade retro! Abrenúncio! Nem eu sou dessas coisas!

Trata-se, apenas, de sublinhar um velho e esquecido ditame que nos diz sermos todos feitos da mesma massa, variando não tanto a qualidade da farinha mas, porventura os fermentos, a forma de a bater e amassar… e, até, a qualidade dos ovos. Muito importante, este aspecto da qualidade dos ovos, como qualquer doceiro de meia-tigela poderá atestar!

Da Universidade Independente.

Ouvidos os dislates, as denúncias, os despautérios, os desvarios e demais deambulações dos diversos envolvidos responsáveis, fica-me a certeza de que há estabelecimentos de ensino dito “superior” que estão em muito más e emporcalhadas mãos, ainda que privadas (ou, talvez, por isso mesmo).

Note-se que, ao referir as “mãos emporcalhadas”, eu – que até nem os conheço – estou apenas a reportar-me àquilo que reitores, vice-reitores e outros doutores têm vindo a dizer uns dos outros, com epítetos de “gatunos”, “traficantes” e “aldrabões” com que todos (e lá nisso seja feita justiça), sem excepção, se brindam mutuamente.

E, então, ouvi-los falatar, com garbo e desenvoltura, de uma incomensurabilidade de milhões de euros para aqui e outra incomensurabilidade de milhões de euros para ali que, tim-terelim vêm de Angola, tim-terelim vão à viola… ah, isso sim, enche-me de confiança nesta gente!

Não será, decerto, da minha competência avaliar da qualidade do ensino em tal estabelecimento ministrado – basta, aliás, atentar no sucesso e nas capacidades no âmbito das engenharias do nosso primeiro Sócrates, lá formado, para se ter um vislumbre dos níveis de excelência a que podem alcandorar-se os alunos que tiveram o bom gosto de seleccionar uma instituição de tal gabarito… Mas que me fica uma suspeita, com travozinho a azedo, lá isso fica. À cautela, naquela já não me inscrevo!

Agora, tanto fato, tanta elegância, tanta gravata, tanto panache ostentado por aquela gente e… abertas as goelas de cada um, logo fica no ar, sem pudor nem contenção, uma fétida pestilência que rivalizaria com a Cloaca Máxima romana, se ela hoje funcionasse. Mais (e pior), que rivaliza com as destemperadas “elegâncias” com que os adeptos do chuto na bola se mimoseiam, quando acedem a tempos de antena que, de uma forma ou de outra, todos nós pagamos. Creio bem que, no fundo, não haverá substanciais diferenças. É a tal história da massa… Só que uma incide no alimento dos relvados e formação ao pontapé e a outra na formação de “élites” – dir-se-ia ao pontapé, na mesma.

Claro que nestas UI, privadas à brava, acabámos por ser nós a pagar, também (ui-ui)… E se não for de uma forma, há-de ser de outra – volta aqui o exemplo acima… Nem me espantaria que esta fosse uma instituição altamente cotada nos meios da especialidade. Assim como assim, vale tudo e, muito principalmente, tirar olhos, ficando-nos a noção de que os elogios são gerados em circuito fechado. O pior – q.e.d. – é quando o circuito se abre.

Pois é… Ainda se alguém se lembrasse de lhes juntar umas ervinhas aromáticas de bom sabor tradicional, enquanto coziam em lume brando, talvez se pudesse meter o dente em tal pitéu. Mas assim…