– Dedico este divertimento ao meu grande amigo Rui M. – de quem, vergonhosa , indecorosamente, voltei a esquecer-me do dia de aniversário – mas de quem me é impossível esquecer no reino da amizade, com um grande abraço.

E quando nada parece fazer estremecer este país, eis que a natureza nos dá uma ajuda, para que não nos vença a modorra.

Ui, que susto!…

um espasmo
um soluço
um abismo em que tropeço
um embuste que mal meço
estremeço
e nem meço
que o arbusto que estremece
é o moço
que o remexe
pela moça
que nele mexe
deixe lá
que lá deixe
o que apetece
seja o busto
seja basto
seja besta
se apetece
antes que o ardor esmoreça
a fadiga fortaleça
e o ocaso aconteça
por acaso
por ser caso
de se perder a cabeça
venha a nós a sobremesa
venha a voz
com mais certeza
seja de Richter a escala
ou escola à portuguesa
mas porque treme o abismo?
porque se abisma o destino?
porque estremece o arbusto?

ai que susto!
neste país que amolece
é um sismo que acontece!

– poema de Jorge Castro
NOTA – Passado o susto, pode sempre ir amanhã, dia 14, pelas 22 horas, à Rua da Rosa, 145, em Lisboa, participar em mais uma sessão de Poesia Vadia.