Recebi hoje a grata notícia de que a Livraria Ler Devagar, no Bairro Alto, em Lisboa, reabriu portas e relançou a sua intensa actividade cultural. Está agora, no número 145 da Rua da Rosa.

No próximo dia 24 de Janeiro, pelas 22 horas, lá se reiniciarão também as sessões de Poesia Vadia, dando seguimento a uma saudável vadiagem que conta já com cerca de cinco anos de militâncias e vagabundagens.

Como é evidente, estão todos convidados. Tragam poemas e um sorriso.
Como estas coisas tendem a induzir-me desvarios épicos, aqui fica uma exortação, em homenagem àqueles que não deixam cair os braços – como os companheiros que souberam alimentar, manter e fazer renascer este projecto:
certo dia – era Abril – fez-se um caminho
que transpôs os portões da madrugada
e um povo renasceu – fez dele o ninho
e partiu desbravando a alvorada

do negrume da desvida se afastou
no sabor de a viver por tudo-ou-nada
estandarte de uma vida que abraçou
descobrindo numa flor gume de espada

esse povo somos nós e de almas nuas
cá nos fica um querer que não desiste
bem maior que mil sóis ou que mil luas

nós seremos o povo que assim resiste
nesse grito correndo à solta nas ruas

procurando a canção que em nós existe.
– poema de Jorge Castro