Ouvi o primeiro-ministro José Sócrates dizer não ser admissível que os professores portugueses sejam o único grupo profissional que atinge “obrigatoriamente” o topo de carreira no fim da sua vida profissional. Para além da enormidade e falta de rigor da afirmação, não acreditei nos meus ouvidos.
Inadmissível porquê? Não foi o estado português a criar estas e tantas outras regras, como “pagamentos em géneros” aos funcionários públicos (que os professores do ensino oficial também são), anos e anos a fio, para “evitar” puxar pelos cordões à bolsa através de pagamento de ordenados mais “europeus”? Ou terão sido os próprios professores, clandestinamente e à revelia do estado, a cozinhar o pratinho e todos andamos iludidos, até o próprio estado, coitado, porventura apanhado a dormir na forma?
E José Sócrates, neste contexto, é mal-intencionado, ignorante, distraído ou mentiroso? Não lhe vislumbrando eu outras alternativas de postura, qualquer das opções não me augura nada de bom para o exercício da minha cidadania…
Energia… da boa
A Entidade Reguladora (???) do Sector Eléctrico anuncia a “inevitabilidade” de aumentos de 15,7% no tarifário dos consumidores de baixa tensão – aqueles, afinal, que já pagam regularmente a fatia mais que substancial da factura que permite o anúncio, também ele regular, de lucros piramidais à EDP… Ainda para mais, se esta Empresa se encontra mais saudável do que nunca, financeiramente falando…
Além disso, a electricidade não é já bem mais barata aqui ao lado, em Espanha? E não é suposto que o mercado foi (ou está para ser, a breve trecho) liberalizado?
Então, trata-se de impor, aos diversos “parceiros” futuramente no terreno, uma bitola mínima, contrariando toda a lógica de mercado ou isto é o quê? Ah, sugere um secretário de estado que o aumento será para “ajudar” as empresas… Mas desde quando, na iniciativa privada, é o cliente que trata, pelo menos directa e despudoradamente, do saneamento financeiro das empresas? Isto não será raciocínio movido a álcool? Ou a EDP vai transformar-se numa cooperativa?
Post-post, em 20 de Outubro – Após ouvir, embevecido, a miríade de esclarecimentos que os mais esclarecidos entendidos têm vindo a produzir sobre esta ponderosa e obscura matéria, concluindo pela minha abissal ignorância, aliada à certeza de que todo o mundo anda a produzir números fabricados, para iludir o zé-povinho e espevitar accionistas – assim a modos que um jogo do monopólio, com dinheiro (nosso) a sério – deixaria uma sugestão:
Já agora e por falar em energia… fui hoje abastecer a minha viatura a um posto da Galp. Ao lado da fila de pagantes, uma espantosa e belíssima jovem, dona de umas espantosas pernas e de um espantoso tudo o resto, vestida com uns minúsculos calções – ainda para mais, dois ou três números abaixo do que parecia recomendado para o corpo que vestiam, o mesmo acontecendo com a alva camisa que descobria o tronco – do alto dos seus tacões de duplo decímetro, ostentava um braçado de balõezinhos de cor laranja, com publicidade à firma, que ia entregando… mas só depois do pagamento de combustível efectuado.
Era inegavelmente um prazer para a vista, no fim de um dia de trabalho. Mas, para além desse prazer visual e à falta de algum peludo exemplar “musculino” que – imagino-o de fio dental e botas de montar – contrabalançasse democraticamente tal desequilíbrio social, pergunto-me:
– Aquela jovem estará assim tão desesperada para ganhar dinheiro que se presta àquele ridículo de canhestro apelo sexual em local público? E quem a contratou para aquilo terá filhas? Se sim, porque não terá lá posto as suas? Sempre sairia mais barato à empresa. Seguramente. Ou talvez não.
No fundo, concluo que eu é que estou a ficar um sórdido moralista, essa é que é essa!… Tudo o mais será este absurdo “progresso” e esta perturbada “modernidade” a que nos querem conceder “direito” (abençoadas aspas!).