Cavaco, azul e algo tétrico, não levou o cravo à sessão do 25 de Abril e Jardim, esse gordalhufo querubim caceteiro, achou por bem não celebrar o 25 de Abril no seu feudo…

Se houvesse alguma vergonha neste país de bimbos apimbalhados alcandorados ao poder, haveria também e decerto uma lei qualquer que destituísse de imediato aquele Jardim sem cravos, por insubordinação reles, indecente e má figura e por morder a mão que lhe estende – e como estende! – o prato. Mas não, por cá, como sempre, “no pasa nada”. Afinal, trata-se da autoridade do legítimo Estado português que está em causa… Ou não?

E o exemplo chulo e impune fará escola, desmoralizando ainda mais conceitos de autoridade responsável tão arredios da nossa cultura portuga.

Pressuroso, Cavaco – que já se permite a ultrapassagens oratórias pela “esquerda baixa”, tal a folga ideológica que Sócrates lhe confere – deixou-se cair na tentação ou no tique “direitista” de se furtar ao cravo, de alguma forma avalizando o Napoleãozinho da Madeira.

Na verdade, o cravo não será transcendente. Nem o cravo, por si só, será Abril. Mas é um símbolo, feito da mesma matéria etérea que uma bandeira ou um hino. E a verdade é que cada um destes políticos-a-que-temos-direito, à sua maneira, fez questão de se demarcar de Abril e de patentear tal atitude, porque nestas questões nada acontece por acaso.

A nós o chamar-lhes a atenção para a História. Ou, então, seremos nós os fracos… dos tais de que a História não reza!
A propósito, hoje, em Lisboa, os discursos oficiais da festa do 25 de Abril encerraram com a infeliz frase: “- Então, até daqui a um ano”. Talvez por se encarar assim Abril como uma espécie de romagem a Fátima com cravos como velas e uma velha chaimite transformada em andor, tudo esteja como está.

Cá por mim, tentarei que hoje ainda seja 25 de Abril. E amanhã, também. E depois… E se alguém me vier acusar de saudosismo ou de outras retroactividades imbecilóides, eu quero mais é que esse alguém vá chatear o Viriato.