Há nomes que, se virmos bem, não se enxergam. Há, porventura, nomes que, se atentarmos ainda um pouco melhor, nem existem… (ver notícia a propósito aqui)
M.R.P. – e perdoar-me-ão que não estenda o nome mas, pelos vistos, não se pode pois é marca registada (!?!…) – não quer que João Pedro George lance ao mundo o seu livro “Couves E Alforrecas: Os Segredos Da Escrita de M.R.P” (uma vez mais, não se pode dizer aqui o nome…), livro no qual aquele professor e crítico literário se debruça perigosamente sobre a obra iridescente e, quiçá, apologética da retumbante M.R.P. (peço, de novo e sempre, desculpas), tendo, até, descoberto ou desvendado diversíssimas coincidências na autora de “Não Há Coincidências”.
E não quer tal através de providência cautelar que pretensamente obrigaria à recolha da obra, pela singela razão de que o autor, segundo a nossa seráfica M.R.P., difama, viola direitos de personalidade (?) e direitos de autor, além de perpetrar, ainda «ofensas graves» à escritora.
O editor de M.R.P., o A.L.F. da O.L. (aqui, as cautelas recomendam também o uso das iniciais, não vá o Diabo tecê-las…) ajuda à corda do sino, afirmando angelicalmente que o livro de João Pedro George se “trata de um proveito próprio para tentar ganhar dinheiro, através do trabalho dos outros» – seja lá o que for que isso queira significar e, se é o que parece, se não se trata de um desidério perseguido por uma boa parte da humanidade.
Mas será a M.R.P. o próprio Deus reencarnado? Ou pensará que o é – o que vai dar quase ao mesmo? E que, assim sendo, além de inominável, é intocável? Incensurável? Inapreciável? Inqualificável? Inenarrável?
Eu sempre pensei que isto de escrever umas coisas, por aqui e por ali, tem muito a ver com aquela situação proverbial de que quem anda à chuva se molha. Mas M.R.P. não pensa assim. Ela anda à chuva, mas seca, numa nova versão do milagre de andar sobre as águas (pisando as pedrinhas dissimuladas sob a superfície).
E ai da nuvem que sobre ela despenhe o mais leve borrifo, que M.R.P. ergue o seu elegantérrimo bracinho aos céus da garridice e lança-lhe o anátema da providência cautelar, que não há cúmulo nem nimbo que aguente!
Então o homem quer discorrer sobre a obra pública e publicada, para aí em 4.935 edições estentoricamente lançadas a um público faminto, e a diva não deixa? Que temerá a diva? Que transcendências mirabolantes terá o crítico apurado na obra de M.R.P. a que o comum dos mortais não deve aceder segundo o furibundo diktat da inefável autora?
Oh, João Pedro George, homem, você faça-me a fineza de me guardar um livrinho das suas “Couves E Alforrecas” que eu fiquei para aqui – sei lá – a arder em impaciências e curiosidades!
E então quando o A.L.F. da O.L. refere que o João Pedro George apenas procura protagonismo… é de ir às lágrimas. Vindo, então, de quem vem faz lembrar a semi-parábola do roto e do nu, se a grossura do argumento coubesse na finura de alguma parábola.
Estas coisas tocam-me sempre numa corda meio religiosa que eu tenho ali por alturas das costelas flutuantes e não consigo evitar recorrer, espasmodicamente, a uma das bem-aventuranças, que começa assim: beati pauperes spirito… que não há um céu que os carregue!
(Sim, eu sei que estou para aqui a armar ao ingénuo e tal mas que tudo isto tem a ver com números. É o tal problema que nós temos com a matemática, pois…)