(Acabadinho de assistir ao debate televisivo entre Cavaco Silva e Jerónimo de Sousa…)

Há um candidato à Presidência da República que, qual pescada do Mar da Palha, antes de o ser já o era.

Há um candidato que, antes de o ser, até já obtinha larga (mas anacrónica e incongruente) vantagem nas “sondagens” a que temos direito, por absoluta falta de pudor dos “mentores” da opinião pública.

Há um candidato que um dia, por fim, resolveu descalçar as chinelas e… anunciar-se candidato a salvador da pátria, para gozo dos bonzos e felicidade dos filisteus, que dão pinotes, cambalhotas e coices para fazerem esquecer que este candidato, de mão dada com Guterres (diga-se em abono da verdade), é um dos grandes responsáveis pelo estado deplorável a que este país chegou.

Há um candidato que, firme e hirto e com um desempenho que EU (notem bem, que isto é apreciação pessoal, claro!…) reputo de lamentável e deprimente em qualquer dos debates em que participou – ainda para mais com regras que lhe são de feição – mal sai dos estúdios e logo explode um coro de bajuladores a tentarem recuperar e enaltecer cada reticência, cada sufoco, cada gargarejo por esse candidato emanado no seu desempenho titubeante e fruste.

Há um candidato que todas as forças da comunicação instituídas, umas activamente e outras por omissão cúmplice, fazem questão de nos meter pelos olhos dentro, com gritaria espúria de que “já ganhou! já ganhou!…”, passando a todo o portuga eleitor um atestado de menoridade cívica e, até, política que considero nojenta, vil e badalhocamente manipuladora.

Sim, que não sou ingénuo ao ponto de admitir que todas essas remelas da “informação” não estejam bem conscientes do gato que andam a vender!

Assim se percebem os “fenómenos” de “hipnose colectiva”, como o de Felgueiras!

Enfim, para não cair no mesmo vício e acabar por apenas falar desse tal candidato, direi que qualquer dos demais me tem inspirado, de longe, mais respeito, mais estímulo e mais interesse, no que à res publica respeita.

Coloco, então, pelos desempenhos a que tenho assistido até este momento, em estrito pé de igualdade e por ordem alfabética, o Francisco Louçã, o Jerónimo de Sousa e o Manuel Alegre.

Do candidato que “já ganhou” direi apenas que Boliqueime espera-o, com ansiedade!

Do Mário Soares… ainda não percebi a chalaça de se ter candidatado.

Com todo o respeito pela inteligência dos meus inestimáveis milhões de leitores (e mesmo correndo o risco de desagradar a alguns desses milhões), mas como exercício de cidadania de que não abdico – e invoco Ary, pois que “poeta castrado, não!” – aqui declaro que o meu voto, na primeira volta, vai, por razões de afinidade cultural e higienização mental, se quiserem, para Manuel Alegre.