– quase a encerrar a época de praia, um olhar(zinho) sobre nós, que isto é um gozo e nem só de lamentos vive um homem…
dá de nós um ar basto decadente
assim passar o dia em praia concorrida
vendo passar de roupa alegre colorida
na urgência do areal toda essa gente
e há uma festa no ar que a si se basta
que comove – arrasta – e que nos deixa
no areal ao Sol sem uma queixa
pela diversidade fresca e algo madrasta
ali os amantes no enlevo das borbulhas
aqui um tarzan que sem Cheeta usa uma bola
além a tia que de chita fez a estola
e sobre nós feros jovens em bravas bulhas
e as moças num ténis disputado tão sem jeito
no extravio da graça em cada raquetada
ou os moços na demência da bolada
que produza na assistência algum efeito
quanto ao mais diversão abrutalhada
do gorila que atira a amada ao mar
ao puto parvo que em corrida de pasmar
deixa a malta mais basbaque e encharcada
há ogres magros que assarapantam as mágoas
e as tiaças da terna franja dos trinta
cavalgando em carrocel de motas de água
num alarde tão alarve e tão sem pinta
e há galifões uns de crista outros de ventre
e matadoras que fulminam só de olhar
e à nossa frente fica este espanto de mar
que nem se espanta de banhar toda esta gente
por mim me quedo nostálgico em calção
de banho que utilizo em duas mudas
vendo tudo à minha volta de bermudas
que me encantam só por serem como são…
– Jorge Castro