1. As Escolas na Finlândia – prosa peripatética:
Haverá interesse por parte de alguém, em Portugal, saber das escolas na Finlândia?
Haverá algum resquício de curiosidade em apurar da veracidade contida na afirmação de Jorge Sampaio quanto à prestação semanalmente laboriosa dos professores finlandeses, cuja atingirá presuntivamente as 50 horas?
Haverá Jorge Sampaio?…
Creio que sobre todas estas questões as opiniões possam divergir.
Na verdade, não apenas a embaixada da Finlândia não corrobora a existência daqueles horários de 50 horas, nem nada que se lhes aproxime, como, nas tais escolas a que o nosso preclaro Presidente alude, os professores têm, entre variadas outras coisas que fariam corar de vergonha (ou de raiva) qualquer Conselho Executivo cá do burgo, gabinetes individuais de trabalho, com equipamento informático também individualizado, como qualquer investigação sumária poderá comprovar.
Esta realidade, desde logo, elimina qualquer veleidade de comparação entre circunstâncias tão diversas. Ninguém de bom senso compararia as condições de trabalho dos nossos professores com as do Burkina Faso – e isto, como dizia o outro, é um “supônhamos”, este sim não confirmado, já que não tive oportunidade recente de ir ao dito país, nem consegui saber onde fica a respectiva embaixada…
Quanto aos desígnios profundos do presidencial desabafo, ficarão para que os ventos da História os apaguem, na sua marcha inexorável pelo tempo, sem que se apure o objectivo, para além deste imenso e insensato “falatar” em que os nossos presidentes são pródigos e rivalizam.
2. O dístico (leia-se selo) da viatura e a competitividade nacional:
Fui hoje adquirir o selo para o meu modesto carrinho, adquirido em ALD, segundo as boas normas da pelintrice institucionalizada (estou aqui a referir-me ao ALD, claro; mas também vale a adjectivação para o selo, claro, também…).
Depois de cerca de meia-hora de espera numa das nossas tão estimáveis filas de povo pagador, fui informado por uma senhora simpática de que apenas poderia adquirir o selito desde que pudesse exibir documento comprovativo do número de identificação fiscal da entidade bancária (já devidamente averbada em livrete) que me adiantou os carcanhóis.
Exibi o livrete actualizado, o MEU número de identificação fiscal, o meu BI, o cartão de eleitor, do SNS, as notas dos euros com que queria pagar e… nada! Parece que a lei é clara neste aspecto e a senhora foi irredutível.
A culpa é do meu pai, coitado, que me ensinou fazer parte da boa ética comercial nunca recusar um pagamento e eu acreditei nele, porque pai é pai.
Se calhar, o Estado até nem tem pressa do meu dinheiro. Assim-c’umàssim, também ainda não devolveu o IRS do ano passado… Vai tudo a perdas e danos!
Olha, olha! Vês ali aquele gajo a correr à brava e a perder-se no horizonte? Era um espanhol!… Gaita, que os gajos correm que se fartam!…