Hoje, morreu Eugénio de Andrade.

Hoje, morreu Álvaro Cunhal.

Dois homens. Dois seres humanos. Duas faces claras da vida.

Dois olhares argutos para o mundo.
Duas intransigentes vontades.

Duas mentes claras. Dois exemplos de vida.

Dois exemplos maiores

de que a nossa vida se faz hoje e é feita para o dia de hoje.

Dois caminhos gravados, indeléveis, a fogo no nosso imaginário colectivo.

Hoje morreram dois portugueses.

A nós, sobreviventes, a obrigação da memória e o dever do testemunho.

poisou uma mariposa num canteiro de palavras
tinha rosas tinha cravos
tinha agrestes malmequeres
tinha até ódios
horrores
mas tinha tantos amores em cada bater das asas
que voou de flor em flor
e na terra ressequida
de cada flor brotou água.

– Jorge Castro