– Ao meu amigo Alfredo, “que nunca mais acenderá no meu o seu cigarro…”

Os teus olhos fixaram-se em mim
Quase sem vida
Nem sei que lhes senti na despedida

E palavras já não tinhas para dar
Nem um lamento
Olhaste
Apenas

E tristemente
E no intenso frio desse olhar
O firmamento
Apagou do céu
Silente
Cada estrela

Ah amigo
Nem a tua mão tremente
Num afago final
Em cumprimento
Me causou dor tão intensa
Tão pungente
Quanto esse olhar temível
Sofredor
Que de tanto sofrer
Já nem sequer conserva a luz
Mais leve alento
De pressentir que alguém sente alguma dor

Dei por mim
Depois
A ver no mar e no horizonte
Buscando a mais ténue luz de estrela
Que brilhasse ainda
Ainda bela
Para a levar comigo no olhar
E te deixar com ela
Simplesmente
Roubada a esse mar
Ao horizonte
Para que brilhe
Ainda um pouco
O teu olhar…

– Jorge Castro