Falas-me de mar
Como se ainda houvesse barcos nos teus olhos
E de gotas de orvalho no restolho da campina
Como se fosses fria noite redimida pela aurora
E assim eu sei de ti a onda e a lágrima
Quando não te sinto calor de primaveras
Nem manto de sorriso no vicejar de cada flor

Falas-me do mar e do orvalho
Em ondas só de angústia
E pérolas de paixão que são já cinzas

E eu fico assim
Perdendo-me para além do teu olhar
Empedernido pelo tempo da cidade
Ansiando que a linha de fogo que diviso no horizonte
Seja a cor do Sol poente ao rés das águas
Para não ser só frio sangue o que me trazes.

– poema e imagem de Jorge Castro