Conforme sugestão da SeiLá, acabei de passar pelo Escrevo Apenas, da nossa amiga Inconformada, que muito me estimulou os neurónios com esta “história” do Natal e pela sua abordagem desassombrada sobre o assunto.
Para memória futura, pranto aqui o comentário que por lá deixei. Solidário, claro. Mas quem não estiver de acordo, pode estar à vontade e, se não chegar muito tarde, ainda se arranja uma rabanada e um leite-creme.


Olá, Inconformada. Sabes? Eu acho que, no geral, estou de acordo contigo… Por acaso, no particular também. A frase-feita do Natal ser quando alguém quiser pode complementar-se com o seguinte: e COMO esse alguém quiser.


Penso que, de alguma ou de muitas formas, o Natal se prende com os rituais do solstício, do eterno retorno, da vida sempre renovada, quando as pessoas se encontravam em redor de velhas fogueiras, em celebração e comungando a mesma esperança de futuro. O nascimento do “menino Jesus” não será a metáfora disso mesmo? E isso ficou-nos. É um atavismo quase inexplicável. Sentimo-lo. É tudo e basta-nos.


Procura-se, ainda, a redenção, a busca do aperfeiçoamento. Procura-se o “outro”.


Daí que, por mais laico, ateu ou agnóstico que eu me sinta, sempre me apetece celebrar o Natal, procurando o melhor em mim e nos outros. E que ninguém se apoquente com isso…


Depois, vem o lado negro da coisa: o Natal cocacoladependente. Mas esse não é meu e nem tem por que ser. Pasmo muito perante lágrimas de crocodilo que se queixam do consumismo como se isso não passasse por uma atitude voluntária e, tantas vezes, algo cobarde, diga-se. Tenho de retribuir as prendas que me derem, numa lógica tão destituída de sentido… e tão afastada dos reais afectos.


Este ano espero ansiosamente o grande abraço que o meu filho me dará. Terei, perto de mim, mãe e sogra, duas velhas resistentes, a quem tudo farei para ver sorrir. A minha casa está inundada de Sagradas Famílias que a minha (também) laica companheira colecciona, em pose politicamente incorrecta… e para a qual se está nas tintas, diga-se.


Sabes que mais? Desejo-te o melhor Natal do mundo. Mas não o gastes todo, que nós também queremos um naco.