Fui à falésia a mais alta à minha volta
Tardio o dia por esse fim do meu dia
Só p’ra sentir do mar o azul e a revolta
E o céu de cobre já o azul enverdecia
Senti o vento que me trazia na espuma
Da onda brava a rebentar a maresia
E o fraguedo torturado que gemia
Assim exposto à branca vaga uma a uma
Quis ser o mar eu lá do alto e tão pequeno
Quis ter de mim leve vislumbre da utopia
Eu que não passo daquele grão de leve areia
Que o mar revolto da falésia desprendia
Quis de mim ter a envolvência tão diversa
Em que eu pudesse ser do mar singela ideia
E descobrir que o mar enfim era universo
E que eu de mar voltava a ser só grão da areia.
– Jorge Castro