Há sempre alguém que nos diz: “Tem cuidado!…”
Mas há sempre um tempo de ousadia
De vontade
De não se ter mão em nós
E dar a voz
Contra as sombras de medo na cidade
Há sempre ao nosso lado a rebeldia
Há essa fúria
E um sentir
Que em nós perpassa
Que se atravessa no caminho da amargura
Do abandono
Da demissão
Da desgraça
E que o poeta lançou contra a noite escura
Cantando soltas trovas no vento que passa
Assim cantando espalharei pela cidade
As flores sem tempo
Sem prisões
E sem idade
Nesse tropel de sangue vivo que entontece
Que estremece
Em nós lembranças de trigais
Ao pressentirmos mares abertos
Tantos mais
Na descoberta de outro viver que acontece.
– Jorge Castro