Introdução

Por vezes avassala-me uma espécie de raiva miudinha – mal sei descrevê-la de outra forma… – que me leva a questionar os pobres dos meus progenitores quanto às razões que os levaram a ter-me aqui, tão perto das salsas ondas de um país tão entristecidamente atlântico, meridional e pasmado, em vez de terem ido até ao Canadá, Nova Zelândia, Austrália, nessa hora fausta do meu ingresso no mundo… sei lá…

Capítulo 1

Uma ideia que nasce. Um projecto. A pedrada num charco qualquer da vidinha mole e pantanosa. A troca de impressões sobre a coisa. O entusiasmo. O projecto que já voa, em céu azul ou tormentoso. Os amigos. Os conhecidos. Os simpatizantes. Os aderentes.

Capítulo 2

Um mês de interrupção. Chega a época natalícia. O mundo está em paz. Se não está, devia estar. Exortam-se os homens de boa vontade e pés na terra e respectivas famílias ao aconchego do lar e dos centros comerciais. As férias dos filhos. A ida à terra. A terra à ida. Os perigos na volta. O álcool nas estradas.

Capítulo 3

O encontro preparatório. A bola de neve. O crescendo. O ‘glissando’. Os projectos do projecto. A análise da situação. As medidas a tomar. As análises das dificuldades. As medidas a tomar. A distribuição das tarefas. As medidas a tomar.

Capítulo 4

A quinzena da época pascal. Os folares. A família. A ida à terra. A terra à ida. Os perigos na volta. O álcool. As férias dos filhos. A praia, já agora, aqui tão perto e o Sol sempre nosso e benigno até não o ser e, então, ainda falta muito para se pensar nisso…

Capítulo 5

A tentativa de retoma do projecto (lembras-te?…). O reencontro. O re-projecto. As novas dificuldades. As novas caras. As novas questões. A tentativa de reformular o projecto… (afinal, que projecto?…). A eventual contestação à ideia que nasceu lá para trás. A reformulação. O contra-projecto.

Capítulo 6

As férias. As nossas. As dos filhos. A praia. O campo. As compras das férias. As compras da praia. A ida ao estrangeiro. O ficar cá. A ida à terra. A terra à ida. Pior, à volta. O álcool. A periculosidade nas estradas. As férias dos tribunais. Do Parlamento. O desfasamento das férias desta empresa. E da outra. E passa-se Julho nisto e Agosto e Setembro, que já corre por ali fora, traga-vidas. E eu que vou. E tu que vais depois. E o outro que ainda há-de voltar. E aquele que alterou. E aqueloutro que não dá notícias.

Capítulo 7

Uma nova ideia que nasce. Um novo projecto. A pedrada nova num charco qualquer da vidinha mole e pantanosa. A nova troca de impressões sobre a coisa. O renovado entusiasmo. O actual projecto que já voa, em céu azul ou tormentoso. Os amigos. Os velhos amigos. Os conhecidos. Os novos conhecidos. Os simpatizantes de sempre. Os aderentes.

Capítulo 8… para quê? Mas, muito principalmente, para onde?… Entrega-se o Epílogo a quem provar pertencer-lhe.

(Vá lá… não me falem de pessimismo, que eu ainda acabo por acreditar que seja verdade… E também não me parece estar a sofrer de auto-comiseração… pelo menos, ainda agora vi o pulso e estava tudo normal!)