Trinta anos depois querem tirar o r

se puderem vai a cedilha e o til

trinta anos depois alguém que berre

r de revolução r de Abril

r até de porra r vezes dois

r de renascer trinta anos depois

Trinta anos depois ainda nos resta

da liberdade o l mas qualquer dia

democracia fica sem o d.

Alguém que faça um f para a festa

alguém que venha perguntar porquê

e traga um grande p de poesia.

Trinta anos depois a vida é tua

agarra as letras todas e com elas

escreve a palavra amor (onde somos sempre dois)

escreve a palavra amor em cada rua

e então verás de novo as caravelas

a passar por aqui: trinta anos depois.

Manuel Alegre