Dia 22, a OrCa pegou num dos seus dias de férias e foi passá-lo à Biblioteca de Sintra. Tratava-se de assistir a uma Maratona de Poesia, com início às 10h da manhã e até às 02h do dia seguinte… O amor à arte também passa por algum sofrimento.

Correu tudo muito bem, muito obrigado, mais ou menos… A organização estava um pouco constipada, mas o saldo foi largamente positivo.

Agora, o que esta OrCa não consegue entender é o temor reverencial pelas televisões. Sim, porque foram lá todas. Mas é um despautério, sempre que alguma dá à costa. Tudo pára. Tudo se empertiga. Tudo cospe nos sapatos, para lhes dar brilho. O mundo suspende-se e endireita a gravata, quando o holofote se acende e a menina da praxe estende aquela espécie de gelado sem gosto ao entrevistado.

Então, esses jovens televisivos e pressurosos, tudo avassalam, tudo atropelam, tudo abandalham, tudo conspurcam, à lógica do tempo de antena. E o povo, de esquerda, de direita ou mesmo muito pelo contrário, todo ele sorri, patético e fantástico, sem tempo, nem ordem… às vezes, até me parecia um pouco sem Poesia.

Será que, quando eu for famoso, também ficarei assim perante a hipótese de ser entrevistado ou, até, de aparecer fugazmente, num cantinho do écran?